30.10.11

sofácama

Um dos caminhos é este, ser uma andarilha por aí. Projectos a solo. Produzir sem gasto de produção. Levanto-me. Escolho um cartão. Quem diz um cartão diz um autocolante, diz uma frase, diz um espelho, diz uma fita gomada. Agora não digo mais nada. Olham para mim desconfiados. Vou usurpando o lugar. A conquista é simples. Sempre foi (mas depois da batalha, é verdade). Basta colocar a bandeira. Quem diz a bandeira diz o cartão diz o autocolante, diz uma frase, diz um espelho, diz uma fita gomada. Agora não digo mais nada. Está feito. Observam-me. Olho-os de soslaio. Ninguém me aborda. Registo o feito. É um ensaio. Continuo a gostar de cinema. Isto não é um filme mas chama-se sofácama. É o meu silêncio. Agora vou para casa ver televisão.
Projecto Tempos Ásperos | arte pública @net
“Sofácama” (banco e cartão, Jardim das Amoreiras, Lisboa)