28.7.15

Minha Vida Meu Amor

Olha minha vida meu amor
Há muito não és mais meu
Toda a loucura que fiz
Foi por você
Que nunca me deu valor
Por isso perdeu tua mulher
E teus filhos
Não posso com esta cruz
Acho muito pesada João
Você vem me desgostando
A ponto de me por no hospício
Uma vez conseguiu
Mas duas não
Aqui ô babaca
De tuas negras
Que nem os filhos se interessou
De batizar na igreja
Você só vai no bar do Luís
Outro boteco não achou
Mais perto da tua família
Só me operei que você obrigou
Agora não presto
Já não sirvo na cama?
Quis fazer de mim
A última mulher da rua
Mas não deixei
Por tua causa amor
Eu morro pelada
Abraçada com os dois anjinhos
No fundo do poço
Amor desculpe algum erro
E a falta de vírgula
 

FOLHA DE SÃO PAULO, 27/11/1983¹

10.7.15

//O ARMÁRIO// ANA VIDIGAL - VIOCHENE | INAUGURAÇÃO DIA 11 (sábado) às 18.00


//O ARMÁRIO//
ANA VIDIGAL  - VIOCHENE





O MEU VESTIDO COR DO CÉU
AMAR FOI A MINHA PERDIÇÃO
ESCRAVA OU RAÍNHA?
PORQUE ME CASEI COM ELE
O AMOR FAZ MILAGRES


          
(...) “Durante três anos, e mais, continuei a sonhar com ela da mesma maneira, segundo a mesma narrativa. Tive então uma espécie de metassonho, que parecia sugerir um fim para este tipo de trabalho noturno. E, como todos os bons finais, não o vi aproximar-se. No meu sonho estávamos juntos, a fazer coisas juntos, num espaço aberto, felizes – tudo da maneira a que me habituara – quando de repente ela viu que aquilo não podia ser verdade, e que devia ser  tudo um sonho, porque ela  agora sabia que estava morta.
           Devia ficar satisfeito com este sonho? Porque esta é a questão final, aflitiva e sem resposta: o que é ter "sucesso" no luto? Consiste em lembrar ou em esquecer? Em estar parado ou seguir em frente? Ou nalguma combinação dos dois? A capacidade de conservar intensamente no espírito o amor perdido, de lembrar sem distorcer? A capacidade de continuar a viver como ela quereria que vivêssemos (embora esta seja a zona ardilosa, em que os pesarosos podem outorgar-se livre–trânsito)? E depois? O que acontece ao coração – (...)”


Julian Barnes in Os Níveis da Vida
Quetzal, serpente emplumada
tradução de Helena Cardoso




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