31.10.15

"Copos de Leite"

"Abri as portadas do atelier e a fria manhã de outubro gelou-me as mãos. Da rua tinha visto as folhas amarelas dos “copos de leite”, resultado de muita água da ultima semana. Agacho-me. Com cuidado procuro os caules moles e arranco-os. As chuvas limparam a poeira e as folhas, nas estreitas varandas de há dois séculos, parecem frondosas plantas tropicais, coisas de Jardim Botânico.
Não passam de “copos de leite” tratados com carinho. “Tudo o que o amor toca torna-se frondoso”, disse a padeira enquanto me embrulhava um pão de mistura ontem à tarde sem eu bem perceber porquê. Jardinar, mesmo em varandas estreitas faz-me sentir dona da terra. Que espera ansiosa pela floração invernosa, para em ramos florir as jarras da sua amada."